segunda-feira, 12 de janeiro de 2009


SAUDE

Hepatite C

A ciência finalmente pode dar uma boa notícia aos 170 milhões de portadores de hepatite C existentes no mundo, três milhões deles no Brasil. Causado pelo vírus da hepatite C (HCV), a doença tem cura. A ótima novidade vem sustentada por pelo menos dois estudos conduzidos por centros de pesquisa muito respeitados na comunidade cientifica. Um deles foi realizado por pesquisadores da Virginia Commonwealth University Medical Center, nos Estados Unidos, e da Universidade de Calgary, no Canadá. A conclusão foi possível após o acompanhamento de 989 pacientes que se submeteram ao tratamento-padrão contra a enfermidade, baseado no uso de medicamentos interferon e ribavirina, eliminaram o vírus do corpo e se mantinham livres do inimigo mais de sete anos depois do final da terapia.
Na avaliação dos pesquisadores, essa evidência é suficiente para validar a utilização da palavra cura. “Ficamos muito felizes porque é raro podermos dizer que um paciente com doença viral está realmente curado”, afirmou Mitchell Shiffman, chefe do Departamento de Hepatologia, diretor médico do Centro de Transplante de Fígado da universidade americana e um dos coordenadores do trabalho. "Mas nesse caso podemos afirmar aos portadores de hepatite C que a medicina já conseguiu livrá-los desse mal”, completou.
O outro trabalho foi conduzido por cientistas da Universidade Paris II e do Serviço de Hepatologia do Hospital Beaujon, na França. Eles acompanharam 215 pacientes submetidos ao mesmo tratamento durante dez anos. Nesse período, nenhum voltou a apresentar o vírus no sangue. As pesquisas tiveram grande repercussão – e por razões compreensíveis. Descoberto em 1989, o vírus da hepatite C se transformou em um pesadelo de dimensões e desafios assustadores. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre três milhões e quatro milhões de pessoas são infectadas a cada ano, fundamentalmente por causa do contato com o sangue contaminado. Outro problema é que a enfermidade tem evolução lenta e mais 70% dos casos não dá sintomas. Portanto, calcula-se que milhões de pessoas sejam portadoras do HCV sem desconfiar disso. Para agravar ainda mais o quadro, oito em cada dez infectados vão desenvolver a forma crônica, quando o vírus se estabelece no corpo e pode iniciar a gradual destruição do fígado, levando a doenças sérias como cirrose e câncer hepático. Não é a toa que, segundo a OMS, a hepatite C é a principal causa dessas enfermidades em todo o mundo. E, pelo menos por enquanto, não há vacinas contra o HCV.
No Brasil, as pesquisas confirmaram o que os especialistas verificaram na experiência do consultório. O hepatologista Raimundo Paraná, professor da Universidade Federal da Bahia, por exemplo, já atendeu mais de 500 portadores de hepatite C e comemora o fato de muitos estarem livres da doença. “Tenho diversos pacientes curados há mais de dez anos”, conta. O médico se recorda de um em especial. Era um jovem que, aos 26 anos, já tinha desenvolvido cirrose e havia perdido o pai para a mesma doença anos antes. “Ele se curou e está bem até hoje”, lembra Paraná.
Fonte: Revista Istoé. Edição número:1988
PR MDAYRES

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