Porque ele não vai ao médico?
Eles já foram até a Lua - mas ir a uma consulta médica, para a maioria dos homens, é missão quase impossível. Resistem enquanto podem e acabam sendo obrigados a recorrer aos serviços de emergência, quando muitas vezes pode ser tarde demais. Esse cenário se tornou tão preocupante que o Ministério da Saúde resolveu investigar as razões pelas quais os homens são avessos a consultórios - para cada oito consultas ginecológicas ocorre apenas uma urológica.
As conclusões da investigação acabam de ser divulgadas e mostram motivos bem diversificados. O primeiro é a certeza de que são imunes a doenças. A segunda razão é a dificuldade para falar sobre assuntos sexuais, principalmente se o profissional for mulher. Além disso, eles se queixam da falta de atenção demonstrada por muitos médicos.
Com o objetivo de mudar esse comportamento, o Ministério estabeleceu parcerias com entidades como às sociedades brasileiras de urologias e de cardiologia e elaborou um programa de atenção à saúde do homem. Prevista para se lançada no próximo mês, essa política de profilaxia tem como foco a criação de serviços que facilitem o acesso masculino aos hospitais. Serão criados check-up específicos, além de estar previsto o lançamento de uma campanha dirigida à população masculina.
“Não adianta criar um programa se o
homem não vai aos consultórios. Hoje, eles só vão aos hospitais quando têm de se internar. Isso gera custos para o sistema e custos psicológicos para ele e sua família”, diz Ricardo Cavalcanti, coordenador no Ministério da área técnica de Saúde do Homem.
Um dos desafios do programa é convencê-los da necessidade de fazer exames preventivos. Após os 40 anos, porém, todo homem deve fazer um check-up para avaliar a saúde cardíaca e urológica. Aqueles em cujas famílias há caso dessas doenças devem começar ainda antes. É também a partir dos 40 que os médicos consideram importante a realização do teste de dosagem do Antígeno Prostático Específico (PSA). Ele mede os níveis dessa proteína no sangue. Se estiver alterado, pode indicar a presença de tumor de próstata.
Grande parte dos homens vão ao médico obrigada pelas esposas ou filhos. E é também com essa ajuda que o Ministério da Saúde espera contar. “A mulher é a maior cuidadora da saúde do homem. É ela que o leva ao consultório, compra e oferece remédios. Para que o
nosso programa seja efetivo, precisamos de seu auxílio”, diz Cavalcanti.
Na opinião de especialistas, boa dose dessa atitude masculina em relação à própria saúde pode ser explicada pela dificuldade natural de revelar suas fragilidades corporais. “É um problema cultural. Eles agem de modo contrário ao da mulher, que busca soluções mais cedo e não tem medo de se expor”, diz José Carlos de Almeida, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia.
pr marcos ayres
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