segunda-feira, 8 de dezembro de 2008







As armadilhas da asma

Tosse, falta de ar, chiado e sensação de aperto no peito são sintomas bem conhecidos de pelo menos 20 milhões de brasileiros. Eles fazem parte de uma população que sofre de asma, doença inflamatória crônica que provoca o estreitamento das vias aéreas. A enfermidade não tem cura, mas se tratada adequadamente permite que o paciente tenha uma vida normal. Porém, uma pesquisa divulgada na última semana revelou que a asma é pouco comprometida e, por isso mesmo, muito mal controlada. O estudo, financiado pela empresa farmacêutica AstraZeneca, envolveu 1,8 mil pacientes de nove países, entre eles, Inglaterra, Alemanha e Brasil.
Os dados nacionais revelaram um dos piores cenários entre os países analisados. De acordo com o estudo, os brasileiros só tratam a doença nos episódios de crise e desconhecem seus riscos, entre outros problemas. O resultado dos equívocos no entendimento da enfermidade ficou evidente nas conclusões sobre o impacto da asma na qualidade de vida. Para 91% dos entrevistados no Brasil, o mal interfere no sono, outros 72% relataram ser impedidos de executar tarefas domésticas, 645 disseram ter os compromissos sociais afetados e 55% contaram que a doença é uma das principais causas de faltas no trabalho.
O grande problema é que os indivíduos não entendem que a asma é uma doença crônica. Portanto, exige o uso diário de remédios mesmo fora das crises. “O paciente acredita que basta tomar a medicação para tratar o chiado, a tosse e a falta de ar e ele já está curado”, afirma o médico Antônio Carlos Lemos presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Na verdade, a crise só é a ponta do iceberg.
A enfermidade se manifesta quando se entra e contato com um agente agressor como poeira, ácaro e pêlo de animais. Nestas circunstancias, o sistema de defesa reage produzindo uma quantidade exagerada de anticorpos. Isso provoca a contração e o enrijecimento das fibras musculares dos brônquios, comprometendo o funcionamento das vias respiratórias. Esse processo leva a uma inflamação crônica, que deve ser combatida ininterruptamente com tratamento contínuo - ele consiste no uso de antiinflamatórios e broncodilatadores, remédios que relaxam a musculatura, favorecendo a circulação do oxigênio. Mas grande parte dos pacientes desconhece essa informação.
Segundo o estudo, 44% dos entrevistados, considerando todos os países, não usam medicamentos quando estão bem. Pior. A pesquisa apontou que 46% dos participantes consideram que a asma não é tão grave a ponto de obrigá-los a se tratar todos os dias. Este é um entendimento altamente perigoso. A asma pode matar. E mata. Números do Ministério da Saúde mostram que a enfermidade tira a vida de cerca de 2,5 mil pessoas todos os anos no Brasil. A doença também está entre as cinco principais causas de internação no Sistema Único de Saúde. Só em 2005 foram 327 mil pessoas hospitalizadas por causa dela.
Mesmo com essa realidade, convencer os pacientes da necessidade do uso freqüente de medicamentos é um desafio para os médicos. Outra razão que afasta os indivíduos do correto tratamento é o receio dos efeitos colaterais que os remédios podem causar e também o medo de que eles gerem dependência. Essas são justificadas comuns ouvidas no consultório, apresentadas principalmente por mães preocupadas.
Para aumentar o nível de informação e relação a doença, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia firmou um termo de cooperação com o Ministério da Saúde. O objetivo é criar medidas educativas que ajudem na prevenção, no tratamento e na reabilitação dos pacientes. Com esse mesmo conceito, um movimento internacional liderado por organizações independentes como o Comitê Científico de Iniciativa contra a Asma, entidade que conta com o apoio da Organização Mundial da Saúde, estabeleceu novas diretrizes para diagnóstico e combate a doença. A nova determinação preconiza que as abordagens médicas não sejam focadas apenas na intensidade da doença-se leve, moderada ou grave-, mas principalmente se ela está controlada. “As medidas priorizam a qualidade de vida dos portadores”, diz o médico Marcelo Horácio de Sá Pereira, diretor médico do laboratório farmacêutico GlaxoSmithKline pr mdayres

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