quinta-feira, 18 de dezembro de 2008


Curiosidade Spray contra o medo
Falar em público, fazer prova na faculdade, enfrentar fila de banco, pisar no shopping lotado ou viajar. Essas são situações angustiosas e torturantes que demandam esforço psíquico e sacrifício físico para uma considerável parcela da população mundial - aquela que sofre de ansiedade e de fobia social e tende a abastecer cada vez mais o organismo com antidepressivos e tranqüilizantes. Agora, imagine: diante dessa insegurança que gera suor nas mãos, taquicardia, sensação de “perda” do corpo e de possuir na garganta “bola que sobe e desce”, o portador dessa doença tira um spray do bolso e, depois de duas borrifadas nas narinas, tem plenamente recuperada a auto-confiança. Pois bem, neurocientistas suíços da Universidade de Zurique anunciaram na semana passada a descoberta desse spray, à base da substância ocitocina, hormônio natural responsável por diversas funções, entre elas a de regular o afeto.
A ocitocina age diretamente na amígdala, uma porção pequena, mas poderosa do cérebro que se relaciona ao medo e às fobias. Para perceber a exata atuação desse hormônio, pesquisadores testaram-no em um grupo de voluntários, dando o spray a alguns deles e a outros um placebo. O teste era um jogo de confiança: eles teriam de dar dinheiro a uma pessoa para ser aplicado no mercado financeiro e ela retornaria ou não os seus lucros. Os participantes que tomaram ocitocina continuaram investindo, mesmo ao saberem que os outros arcaram com prejuízos.
O cérebro dos voluntários foi monitorado. Quem inalou ocitocina apresentou menos atividade da amígdala, ou seja, o medicamento funcionou inibindo a hiperatividade dos neurônios. “A ocitocina diminui as funções do sistema de medo, que é ativado durante uma situação de interação social”, disse Tomas Baumgartner, coordenador da pesquisa. “Uma das causas que disparam o medo em pessoas com fobia social é o mau funcionamento e a hiperatividade da amígdala”. Com essa parte do cérebro trabalhando sem parar, os portadores da enfermidade têm medo excessivo diante da interação social. “O hormônio age para diminuir o medo ou a timidez que as pessoas têm em uma situação social que envolve um certo risco”, disse Maurício Delgado, neurocientista e professor da Rutgers University, nos EUA.
Fonte:Revista Istoé. Edição:2013
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